28 de mar. de 2011

PERSONALIDADES NEGRAS LANÇA NOVOS AUTORES E BIOGRAFIAS

Coleção de livros sobre negros faz sucesso e em dois anos lançou a biografia de onze personalidades negras.

Em geral, os negros se destacam nas artes e esportes, quando seus feitos têm ampla divulgação como no caso do retorno do jogador Ronaldinho Gaúcho ao futebol brasileiro. Poucas vezes, porém, nomes ilustres em outros campos de conhecimento, são lembrados por sua notável contribuição.
Este é o caso do engenheiro André Rebouças ( o modernizador da engenharia brasileira), Theodoro Sampaio (geógrafo que ampliou o conhecimento geológico brasileiro), Milton Santos ( um dos maiores geógrafos do mundo), Lima Barreto (que inaugura o romance realista no Rio de Janeiro), Odo Adão(notável cirurgião plástico), entre outros.
Pensando em ampliar o conhecimento público em relação a estes grandes nomes negros do conhecimento restrito das elites intelectuais, o professor Carlos Nobre, da PUC-Rio, apresentou o projeto Coleção Personalidades Negras – série de livros biográficos de grandes nomes afrobrasileiros- para Ary Roitman, da Editora Garamond, que bancou a idéia.
O projeto também visou atender ao decreto-lei 10.639/2003, do governo federal, que tornava obrigatória o estudo da cultura africana nos cursos fundamental e médio das escolas brasileiras.
Depois de sete anos de vigência da lei, o mercado para estudos afro no Brasil se ampliou consideravelmente, sendo abertas diversas pós graduações lato sensu sobre cultura afrobrasileira e África em diversas universidades públicas e privadas do país. Neste sentido, a Personalidades Negras vem servindo como material didático importante para estes cursos.
Outra contribuição importante do projeto foi o lançamento de novos escritores afrobrasileiros que passaram a escrever sobre grandes nomes de sua cultura. Foram os casos de Angélica Basthi, Kátia Santos e Iara Santos.
Também foi aberto espaço para acadêmicos com trabalhos significativos sobre personagens que quebraram barreiras e se tornaram nomes de destaque na sociedade brasileira. Foram os casos de Nelson Prudêncio e Mauricio de Barros Castro.
Também participam como autores de biografias nomes nacionalmente conhecidos como o historiador Joel Rufino dos Santos, Haroldo Costa, Dau Bastos e Maria Alzira Brum Lemos.
Em dois anos, o projeto lançou 11 livros sobre trajetórias negras brilhantes cujas histórias ampliam e lançam luz sobre a capacidade negra em superar obstáculos e antagonismos. As primeiras personalidades biografadas foram: Machado de Assis(por Dau Bastos), Pelé( por Angélica Basthi) e Aleijadinho, (por Maria Alzira Brum Lemos). Todas, em suas áreas de conhecimento, se tornaram talentos incontestáveis.
São Paulo na Coleção
A escritora Carolina Maria de Jesus é um dos nomes negros biografados na Personalidades Negras pelo historiador Joel Rufino dos Santos, que associa a trajetória da autora de “Quarto de Despejo” com a trajetória da periferia de São Paulo. Joel Rufino mostra que o livro de Carolina que vendeu 70 mil exemplares em 1960 ( um fenômeno para época) foi traduzido para 40 idiomas. Segundo Joel Rufino, até 2009, o livro tinha vendido mais de um milhão de exemplares. Nascida em Minas Gerais, Carolina cresceu/viveu como catadora de lixo, na Favela do Canindé, na periferia de São Paulo. Foi a primeira escritora negra que virou best-seller no Brasil.
Outro nome de peso de São Paulo na coleção é Emanoel Araújo, fundador e diretor do Museu AfroBrasil de São Paulo. Trata-se de um negro que transita pelos espaços de prestígio e poder na nossa sociedade. Sua trajetória é ampla como artista plástico, editor, designer, criador de museus, curador e gestor público sempre teve como meta prioritária a produção de conhecimento acerca do legado africano no Brasil.
Ao seu modo, Araújo vem realizando uma poderosa ação valorizativa da população negra ao mostrar com imagens que o racismo é, sobretudo, fruto da ignorância acerca do outro. Em tempos de discussões acirradas, e nem sempre produtivas, sobre o papel das ações afirmativas e a questão do mérito, vale a pena conhecer um personagem com esse perfil e essa estatura.
Pelé, por representar um ícone mundial negro no esporte, foi um dos primeiros nomes da Coleção, biografado pela jornalista Angélica Basthi. O interessante no livro de Angélica é que Pelé é também apresentado como um ser humano como outro qualquer, vítima de golpes de sócios, que já foi discriminado por ser negro e que recebeu na vida alguns apelidos racistas.

Dona Ivone Lara: 90 anos.
Este ano, a Coleção está lançando mais quatro livros, trazendo biografias bastantes diferenciadas. É o caso, por exemplo, da ex-pastora, integrante da ala de baianas, fundadora do Império Serrano e sambista que teve obras gravadas por Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, entre outros, Dona Ivone Lara.
Ela, em 2011 completa 90 anos, e está sempre ativa, participando de gravações e shows. Dona Ivone Lara é uma das primeiras mulheres sambistas que faz sucesso como autora e cuja vida rica – como mulher e negra – traz atrás de si uma história especial do Rio de Janeiro através da zona norte.
Além de Dona Ivone Lara( por Kátia Santos), a Coleção lança Mãe Beata de Yemonjá (por Haroldo Costa), Emanoel Araujo (por Nelson Inocêncio) e Mestre João (por Mauricio Barros de Castro).
Estão previstas para 2012 as biografias de Lima Barreto (romancista), André Rebouças(engenheiro), João do Rio (jornalista/escritor), Milton Santos (geógrafo), Luiz Gama (abolicionista), Theodoro Sampaio (geógrafo),

Todos os livros da Coleção:




1. PELÉ, Angélica Basthi

2. ALEIJADINHO, Maria Alzira Brum Lemos

3. CAROLINA MARIA DE JESUS, por Joel Rufino dos Santos

4. TIA CARMEM, por Iara da Silva

5. JOSE DO PATROCINIO, por Uelington Farias Alves.

6. MACHADO DE ASSIS, por Dau Bastos

7. CRUZ E SOUZA, por Godofredo de Oliveira Neto

8. DONA IVONE LARA, por Katia Santos

9. MÂE BEATA, por Haroldo Costa.

10. MESTRE JOÃO, por Mauricio Barros de Castro.

11. EMANOEL ARAUJO, por Nelson Inocêncio

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